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21 de mai. de 2011

Uma parábola que Jesus não contou

“Parábola do escravo liberto e agradecido”



            Disse-lhes então Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos como uma galinha reúne seus pintainhos debaixo das asas, mas não quisestes!”.

Pedro, intrigado com as palavras de Jesus sobre a condição de Jerusalém perguntou-lhe: “Mestre, por que choras e lamentas tanto pelo nosso povo. Somos pecadores e muitas vezes hipócritas, porque insistes em nos tirar do pecado? Jesus parou de caminhar e, visivelmente triste, disse aos discípulos: “Sentai-vos debaixo daquela oliveira e ouvi uma parábola!”E continuou:

“Certo dia um homem muito ilustre passou por uma praça onde eram vendidos diversos escravos. A balbúrdia do comércio era enorme. Gente importante dava o lance e olhava com desejo e desprezo àqueles que estavam à venda. Por um gritavam 10 dracmas, por outro 20 e, aos poucos todos eram vendidos. Em seus olhos, a decepção por serem tratados como mercadorias.

Ao chegar mais perto, o homem ilustre foi abordado por um mercador que lhe gritou aos ouvidos: “Compre, compre! Com certeza o senhor precisa de um escravo forte e saudável, ou de uma escrava que lave seus pés e enxugue-os com seus cabelos”. O homem irritou-se com o vendedor e disse: “Como podes tratar assim o seu semelhante? Não vês que nem tu e nem eles são livres!”

Irritado o vendedor disse: “Se não queres comprar, saia daqui, pois não é o seu lugar!”. O homem ilustre adiantou-se em sair, pois não suportava mais ficar naquele lugar. E, no meio daquela agitação, de repente, um escravo exclamou, com as mãos levantadas para o céu: “Adonai, livre-me da escravidão!”. O homem parou, olhou para traz e percebeu que era um escravo franzino, abatido e idoso. “Ele voltou-se, fitando-o nos olhos, amou e teve compaixão dele”.

Chamou o vendedor e disse: “Quanta custa este escravo? Vou adquiri-lo” O vendedor, exaltado pela discussão anterior disse-lhe: “Agora queres negociar? E ainda é um péssimo comprador, pois me pergunta o preço do escravo mais inferior, doente e incapaz! Mas, já que queres mesmo adquiri-lo eu o venderei por umas míseras 30 moedas de prata, o preço de um escravo sem talento para trabalhar”.

O homem ouviu tudo em silêncio. Não se exaltando com as provocações do vendedor. Pegou em sua sacola uma esmeralda reluzente e entregou-a ao vendedor dizendo: “Não tenho as 30 moedas de prata. E, penso que para mim, ele vale mais do que isso. Fique com essa pedra e eu o levarei”.

Espantado o vendedor agarrou a pedra, olhou para os companheiros e disse baixinho: “Não vi idiota como esse em todo Israel”. Mostrou a pedra aos amigos que estavam admirados pela sua beleza e por seu valor que, provavelmente, poderia comprar todos os escravos que estavam ali à venda naquele dia. Abrindo a jaula, pegou a força o pobre escravo e entregou ao homem. O escravo, fraco e cansado, caiu aos joelhos de seu novo senhor e disse: “Estou pronto para aquilo que lhe for útil, por favor, peço-lhe apenas que me dês o que comer e beber”.

O homem abaixou-se, recolhe-o do chão, e sem dizer palavra alguma, apoiando-o pelos ombros, passando pelo meio de todos, levou-o até onde estava sua caravana, pois era um samaritano, que estava de passagem por Jerusalém. Enquanto isso, todos da cidade perguntavam-se entre si: “Quem é este, que toca em escravos impuros e os trata como se fossem iguais a nós?”

Chegando onde estava à caravana, o homem ilustre, pediu aos seus servidores que dessem ao escravo o tratamento digno de um filho de rei, com comida, bebida, banho, vestes e remédios. À tarde, ele foi ver o escravo e pediu que preparassem um banquete festivo para todos e, que ao seu lado na mesa, pusessem uma almofada para o escravo. O escravo ouvia essas ordens, olhava assustado e sussurrando perguntava aos que lhe serviam: “Por que vosso mestre faz isso? Por que vocês me servem? Ele não sabe quem eu sou, o que eu fiz em toda minha vida?

Os servidores não lhes respondiam nada e apenas repetiam a cada indagação: “Não discuta com o mestre, não queira lhe ensinar como deve fazer as coisas. Em breve entenderás o que esta acontecendo aqui”. Naquela noite o escravo foi introduzido na tenda do mestre e sentou-se num local de destaque. Os músicos lhe ofereçam suas peças e outros o serviam com comidas e bebidas que antes ele só conhecia de ouvir falar. O mestre dizia várias vezes aos seus convidados e aos servidores: “Alegremo-nos irmãos, alegremo-nos, pois este nosso amigo estava perdido e agora foi encontrado”. O escravo... ficava cada vez mais surpreso e, envergonhado pôs-se também a cantar e louvar a Deus. Aos poucos foi ajudando os servidores, pois viu que até mesmo o mestre e seus convidados revezavam-se no servirem-se mutuamente. Ao longo do banquete nem se conseguia identificar quem era o mestre, os convidados e os servidores, pois eles não se diferenciavam nem pelas roupas e nem pelo comportamento, nem pelo lugar onde se sentavam e nem pela alegria que contagiava a todos.

No outro dia, o mestre pediu aos servidores que apressassem em levantar o acampamento, pois tinha pressa em voltar a sua região, que se chamava Celéstia. Os servidores mais que depressa fizeram, com motivação e alegria, o pedido do mestre. A caravana saiu e, depois de se afastarem uns 11 quilômetros de Jerusalém, perto de uma região chamada Emaús, o mestre pediu que a caravana parasse e foi até onde estava o escravo, pois queria falar-lhe sua decisão.

O escravo, por ainda estar fraco, estava sendo conduzido numa carruagem bem confortável um pouco mais atrás. Durante todo o percurso da caravana ele pensava consigo mesmo: “Como esse mestre consegue ter tantos súditos se durante todo esse tempo que estou aqui, Ele não usou de sua autoridade para impor sua vontade e repreender nenhum deles?”.

O mestre com olhar sereno e alegre chegou até a carruagem do escravo, e abrindo as cortinas disse: “Chegamos! Você deve descer aqui. Nós seguiremos em frente, pois temos muitos quilômetros até chegarmos a Celéstia, onde meu Pai me espera ansioso, para que eu lhe conte o que vi e ouvi nas terras onde andei”.

O escravo perguntou: “Mestre, muitas coisas que o senhor faz eu não entendo. Agora, sou pertença tua, vi o tamanho e a beleza da esmeralda que destes àquele vendedor para me adquirir. Estou ao seu dispor... porque queres me deixar aqui sozinho? Por acaso, tomou consciência de que eu não posso lhe ser útil por causa da minha saúde e idade avançada?”

O mestre não lhe respondeu nenhuma dessas perguntas. Tomou-o pela mão, desceu-o da carruagem, mostrou a maravilha da terra onde estavam, em Emaús, e disse-lhe com ar de imperatividade: “Vá! Rápido. Você é um homem livre, nunca o tive como um escravo e nem preciso que você me sirva assim. Tome essas roupas e alimentos, esse cantil de água e siga o seu caminho. Você é um homem livre”. Ao ouvir que era um homem livre, depois de mais de 30 anos de escravidão, de ter passado por diversos senhores, o escravo deu um grito de exaltação. Cantou, pulou, abraçou o mestre, abraçou os servidores e, agradecendo foi se afastando e dizendo em alta voz: “Obrigado, meu Deus! Viva o Altíssimo, que olha para o pobre e infeliz de alma abatida!”

Aos gritos e dança, ele foi se afastando enquanto os outros o aplaudiam e acenavam para ele. Rapidamente os servidores retomaram a caravana e o mestre, de dentro de sua carruagem, acompanhava com os olhos cheios de lágrimas a alegria daquele escravo. Os servidores pareciam estar acostumados com aquilo.

Depois de andar umas centenas de metros. O homem parou e começou a refletir em seu coração: “Meu Deus! Pra onde eu vou agora? Não sei fazer nada em minha vida, a não ser servir aos outros como escravos. Não tenho dinheiro, nem casa e nem família. Do jeito que vivo, vou ser escravizado novamente por qualquer um”.

E, olhando para traz viu que a caravana ia se afastando, ao som de alegres cânticos. Deixou ali mesmo no chão os alimentos e a água, e juntou todas as suas forças e começou a correr de volta gritando: “Mestre me espere! Ei, por favor, me esperem. Eu não posso ficar sozinho”. Enquanto corria pensava em seu coração: “Na casa desse mestre e de seu pai, todos devem ser tratados assim. Eu não posso perder a oportunidade de servir a tão bom e misericordioso senhor”.

Quando o mestre ouviu os gritos do senhor. Pediu que parassem a caravana. Desceu de sua carruagem e veio ao encontro daquele que já corria quase sem fôlegos. Ao se encontrarem, o velho ajoelhou-se e disse entre prantos: “Mestre, me perdoe o incomodo. Não te irrites comigo. Sou apenas um velho escravo. Sempre quis ser livre, ter direito sobre a minha vida e sobre o que fazer dela. E, foi por causa disso que perdi tudo o que eu tinha numa vida de pecados contra os homens e contra Deus. Depois o que me restou foi à escravidão, da qual eu parecia nunca mais poder me libertar. Agora o senhor chegou e mudou a minha vida, como um salvador. Em dois dias deu-me mais alegria e dignidade do que nos meus 60 anos de vida. Se não estou sendo inconveniente, queria pedir-lhe de joelhos: ‘Deixa-me servir-te, e ficar junto de vocês pelo resto dos meus dias, pois sei que meus próprios vícios, orgulho e ignorância, me levarão novamente a ser escravizado. Já não agüento mais não ser amado pelo que eu sou e nem pelo que eu faço. Peço-lhe, humildemente, pelo Deus que o senhor crê, permita-me viver contigo... prometo que trabalhei tão alegre quantos seus servos que estão aqui”

O mestre olhando-o com tanto amor, como naquele dia na jaula. Gritou aos músicos e cantores: “Irmãos, cantemos e alegremo-nos, pois hoje a salvação entrou nessa alma. Ele irá agora participar da mesma alegria que vocês tiveram no passado quando deixaram de ser escravos do pecado e do mundo, para servirem ao Altíssimo, Adonai, Eloim, o grande Iahweh, nosso Amado Pai Celestial”

E, tomando o velho pela mão, levantou-o do chão, e abraçou-o fortemente. Os dois choravam muito, assim como todos os outros servos e convivas que ali estavam. E, falando aos ouvidos do velho, o mestre disse: “Só agora você entendeu o que é realmente ser livre. Não adianta nos libertarmos apenas daquilo que está fora (as correntes, as jaulas, os tiranos), é preciso libertar-nos daquilo que está dentro (o orgulho, a vaidade, a avareza, etc.). A pior escravidão que se sofre é aquela de sermos escravos da nossa própria vontade e desejo, rejeitando a vontade de Deus. Agora você é livre meu amigo, meu irmão, meu filho”.

O velho estava sem palavras, chorava de alegria e, entre soluços perguntou: “Mestre, por acaso o senhor é o Messias que os judeus dizem que virá libertar-nos de todos os pecados?”. O mestre apenas disse-lhe baixinho: “Tu o dizes!”

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