Sobre a Carta Apostólica Novo Millennio
Ineunte de João Paulo II, de 06.01.2001
“Duc
in altum” – (Lc 5,4)
Sigamos em frente, com esperança!
Com essas palavras o saudoso Papa João Paulo II, hoje beato, iniciava o texto
conclusivo da Carta Apostólica Novo Millennio
Ineunte. Chamou à atenção a frase, pois pensei o seguinte: é preciso seguir,
seguir em frente, não se pode mais voltar atrás na caminhada cristã.
Entretanto, não podemos seguir de qualquer jeito, sem rumo, sem lenço e sem
documento como cantava uma canção. É preciso seguir “com esperança”! Essa
esperança é com certeza em Cristo Jesus, e não pode ser em outro, como nos diz
o documento: “Certamente não nos move a
esperança ingênua de que possa haver uma formula mágica para os grandes
desafios do nosso tempo; não será uma formula a salvar-nos, mas uma pessoa, e a
certeza que ela nos infunde: Eu estarei convosco!” (NMI, 29).
Mas para se ter tamanha convicção e esperança
em Cristo, é preciso conhecê-Lo, ter com Ele uma experiência marcante, profunda
e pessoal. Reconhecemos uma pessoa quando olhamos para o seu rosto, assim,
devemos também desvendar o Rosto de Cristo, que se apresenta magistralmente no
documento em três dimensões: O Rosto do Filho, o Rosto Doloroso e o Rosto
Ressuscitado. Assim como os gregos que disseram ao Apóstolo Felipe: “Queríamos
ver a Jesus” (Jo 12,21), toda Igreja de hoje, e principalmente os “homens do
nosso tempo, talvez sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que
lhes “falem” de Cristo, mas também que de certa forma lho façam “ver”. (NMI,
16). E como poderemos fazer que o Rosto de Cristo seja visto no mundo?
Sem dúvida nenhuma o melhor meio de
apresentar Cristo verdadeiramente ao mundo é pelo testemunho cristão, que é
inegavelmente o testemunho do amor como diz a Escritura: “É por isto que todos
saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35) e
ainda “Assim como eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo
13,34). Esse amor deve transpor todas as barreiras religiosas e todos os
limites políticos e nacionalistas, na vivencia concreta de uma espiritualidade de comunhão, que
significa, entre outras coisas: “... a capacidade de ver antes de mais nada o
que há de positivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: ´um
dom para mim`...”. Esse amor não pode ser segundo meus critérios, mas sim os de
Deus!
Vamos ao largo, para águas mais profundas,
pois no “... caminho, acompanha-nos a Virgem Santíssima” (NMI, 58), apontada
pelo Papa como a “aurora luminosa e guia segura do nosso caminho” (NMI, 58). Vamos
com afinco, pois “... o nosso passo tem de tornar-se mais rápido para percorrer
as estradas do mundo” (NMI, 58). Esse mundo novo da globalização que não traz
apenas benefícios, mas sim muitos problemas, também globalizados, como o
“desequilíbrio ecológico” (NMI, 51), o “problema da paz” (NMI, 51), o
“vilipêndio dos direitos humanos fundamentais” (NMI, 51) e tantos outros que
seguiriam uma lista imensa, infelizmente.
Porém, vamos com esperança, com fé e
com caridade. Certos de que não caminhamos sozinhos; caminhamos com a Igreja,
com Maria, com o Papa e com Cristo que “... se põe a caminho conosco pelas
nossas estradas deixando-se reconhecer, como sucedeu aos discípulos de Emaús,
´ao partir do pão` (Lc, 24, 35)” (NMI, 59). Então, vamos em paz, paz inquieta, duc in altum. Amém!
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