“E-mail: endereço que não posso visitar”
Chegamos à sonhada Era da Comunicação Global. O mundo está em nossas mãos. O que era impossível no passado tornou-se corriqueiro: falamos com o mundo em segundos. Nas vinte e quatro horas do dia “navegam” pela internet milhares de informações e milhares de pessoas, levando e trazendo uma presença virtual do outro do qual não temos muita certeza se existe.
Algumas palavras confusas surgiram para tentar e insistir em convencer a todos dos benefícios da comunicação eletro-cibernético: ‘endereço eletrônico’, ‘sala de bate-papo’, ‘chat’, ‘home Page’, ‘Orkut’, ‘face book’, ‘comunidades virtuais’; e tantas outras expressões tentam transformar numa operação de computador o que há de mais belo no ser humano e na vida social: o relacionamento sócio-cultural e psicofísico.
Os cientistas do futuro pensam num homem que não usará mais a linguagem vocal ou escrita; acreditam numa comunicação telepática, regida pelos avanços da ciência computacional. Em escalas menores isso já ocorre, onde a internet é o ‘cérebro’ e o e-mail é a ‘boca’ do internauta.
O homem moderno, o ‘homo-nauta’, não sabe mais falar direito e muito menos escrever. Talvez porque não tenha mais na sua lista o verdadeiro endereço do coração do seu próximo para poder visitá-lo, escrever uma carta. A tecnologia avança muito rápida, mas não podemos esquecer: máquinas não são programas para dar ou receber amor.
Eu não moro no HD do meu computador, não me sento na sala de bate papo dos chats, não tenho amigos virtuais e nem quero ser de ninguém apenas isso. O espaço reservado para ‘quem sou eu’ nos perfis de diversos meios de relacionamento não podem realmente dizer quem sou eu. Tenho um nome, um tom de voz, um jeito bobo de andar, defeitos mil e pouquíssimas qualidades, vivi 37 anos nessa terra e me desculpem dizer, nem todos terá-bytes das redes sociais podem relatar ou documentar o que fiz, o que vivi, o que senti e o que pensei em todos esses anos.
Talvez alguém que, lendo-me agora, possa dizer: “Que hipócrita falou tantas coisas contra a comunicação virtual e têm enchido de textos seus pensamentos, para que possa ser lido, ser reconhecido...”. Não posso convencer a todos, mas o que eu mais queria agora é que você depois de ler essa simples redação, pudesse desligar o computador, pegar o telefone, ou melhor, pessoalmente, fosse visitar um amigo, uma amiga, um parente, um avô, mesmo que gaste um pouco de tempo... e que pudesse usar o mais instrumento de comunicação já inventado por Deus: seu próprio corpo.
Daí, com sua própria voz, com seu próprio rosto, com seus próprios braços pudesse dizer e demonstrar para essa pessoa que o que você sente por ela não pode ser enviado por e-mail, pois o arquivo era muito pesado, pois era: amor.commuitoafetoe@rrobasdecaridadeverdadeira.
Agnaldo Pedro de Souza
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