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12 de set. de 2010

Filosofar: uma necessidade do homo sapiens.

“Filosofar: uma necessidade do homo sapiens”




O homem é um animal pensante por natureza. Faz parte da história do ser humano a história do pensamento, e vice-versa. Por esta razão, se entendemos que a filosofia é amor à sabedoria, entendemos que faz parte do homem o ato de filosofar. É como nos diz o filósofo Blaise Pascal: “Posso conceber um homem sem mãos, pés, cabeça (...); mas não posso conceber o homem sem pensamento: seria uma pedra ou um animal” (Pascal, 1973, p. 127). Chegada a essa constatação trataremos, brevemente, sobre a pessoa do filósofo em si. Sua vida dedicada a olhar o abstrato sobre as coisas do mundo visível e invisível e, sua luta para a preservação do próprio direito (também deve e obrigação) de pensar.

O filósofo é aquele que conhece, pelo menos em parte, o seu próprio ser. Só por essa razão torna-se capaz de emitir um juízo sobre si e sobre o mundo, já que a maioria jaz nas trevas da ignorância. O grande diferencial do homem é sua capacidade de conhecimento de si mesmo: “O homem não passa, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo se arme para esmagá-lo... Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do quem o mata, porque sabe que morre” (Pascal, 1973, p.127, grifo nosso).

O fato de saber (ter conhecimento) que morre dá ao homem uma vantagem sobre o resto da criação que não sabe. Ao filósofo, dedicado ao conhecimento do ‘porque se sabe’, dá-lhe em relação aos outros homens outra vantagem, pois ele procura aprofundar o que todos sabem vagamente.

O pensamento é a arma e o segredo do filósofo. Um bom filósofo é um homem capaz de priorizar e organizar seus pensamentos; o pensamento possibilita ao homem as maiores grandezas da alma: “Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não terei mais, possuindo terras; pelo espaço, o universo, eu o abarco” (Pascal, 1973, p. 128).

No entanto o pensamento tem os seus defeitos, suas falhas na ordenação (pode-se dizer), mas nem por isso perde sua dignidade, sua importância: “Toda a dignidade do homem está no pensamento. O pensamento é, pois, uma coisa admirável e incomparável por natureza. Fora preciso que tivesse estranhos defeitos para ser desprezível. Mas tem tais que nada é mais ridículo” (Pascal, 1973, p. 130)

O verdadeiro filósofo não deve ter medo de errar, de expor as suas opiniões e questões. Sua faculdade de pensar pode não ser totalmente perfeita, mas perfeito é o ato de partilhar que até mesmo “não sabe”, como fez Sócrates. Pascal reconhece os seus limites e os expressa abertamente: “Ao escrever o meu pensamento, ele às vezes me escapa; mas isso me faz lembrar da minha fraqueza, que a todo instante esqueço; isso me instrui tanto quanto o meu pensamento esquecido, pois minha tendência consiste apenas em conhecer o meu nada” (Pascal, 1973, p. 131-132).

Se for possível ao pensamento ser até fraco e esquecido, é possível que todos os pensantes sejam filósofos, mesmo que não sejam os melhores e mais comentados. O que não é possível é que o homem negue-se a si mesmo o ato de filosofar, uma necessidade humana, já que mesmo para negá-la teria que pensar; e pensando faz filosofia.

A filosofia ainda tem um vasto campo de trabalho e os filósofos uma imensa tarefa em desvendar as dúvidas do pensamento humano. Feliz do filósofo que não extermina a dúvida que lhe paira no pensamento e que com coragem assume sua posição, ser pensador, e sua tarefa diária e maior, pensar.

Bibliografia:

PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (Col. Os Pensadores v. XVI)



Agnaldo Pedro de Souza

No 1º. Ano de Filosofia

19.06.2007